...que palavra por palavra, eis aqui uma pessoa se entregando, diria o
Moleque de São Carlos, grande Gonzaguinha. E sonhos não envelhecem. Essa
foi escrita por Lô Borges, Márcio Borges e Milton Nascimento, em uma de
suas mais lindas canções, "Clube da Esquina no. 2". E é fato.
Desde que comecei a me interessar por música, alimento a vontade de
querer mais, de querer saber mais, me aperfeiçoar na coisa toda...
Se os primeiros acordes vieram, lá na adolescência, vencendo o desafio
de ser canhoto e usar o violão como destro, eles logo tomaram corpo. A
influência do ambiente da igreja ajudou a ter um motor para ir atrás.
Não que significasse algo fácil. Não que igreja seja garantia de bondade
humana. Muitos "nãos" ouvidos. Muita portas fechadas. Muito desdém.
Muito "ah, fulaninho toca"... Mas faz parte... Doeu, mas tô vivo.
Encadeamentos, harmonias, chord-melodies, aos poucos vão se achegando. O
gosto pessoal pela MPB me fez ir atrás de saber mais, de tocar melhor,
de nunca me contentar com o violão tocado de maneira tosca e medíocre.
Nunca quis ser o "violoneiro" que engana, ou tenta enganar, tocando
aquela meia dúzia de acordes mal enjambrados, como que fosse enganar aos
incautos.
Ombros de gigantes, como Lúcio do Cavaquinho, Cláudio Miranda, Fernando
Pereira e, mais recentemente e por curto mas bem aproveitado tempo,
James Liberato, me fizeram ir mais longe, no braço do violão e, mais
recentemente, da viola caipira, de dez cordas e afinada como um acorde
aberto de Mi Menor. O gosto em estudar Harmonia, Composição, Improvisos,
me abriram as portas da graduação no IPA. Os que dois anos antes eram
colegas de magistério superior, passavam a ser meus mestres e mestras. O
papo com a profe Elisa Cunha, então coordenadora do curso, um dia antes
do Vestibular ajudou a dar o passo que faltava, gratidão eterna! Sim,
fiz questão de fazer o Vestibular, em que pese uma graduação e um
mestrado na paleta. Pela porta da frente, sim!
De uma dessas pessoas de luz, uma docente, ouvi uma fala que me fez
romper anos, décadas, de menos valia. Ao realizar uma prova prática de
uma das disciplinas iniciais de Teoria e Percepção (não a própria, mas
uma introdutória), a professora, a querida Nisiane Franklin, ao me ouvir
solfejar o trecho da prova, acusou: "bah, está bem afinado, no tom
certo". E foi o que bastou. O esforço ganhou asas. O estímulo, na medida
correta, virou combustível para incentivar o ir adiante. Mestra
Jaqueline Barreto me fez abrir a boca, respirar decentemente e mandar
ver... gracias! O mesmo se aplica à flauta, descoberta relativamente
recente, por estímulo da madrinha acadêmica Kiti Santos. Há que lapidar
essa pedrinha, mas é possível!
Descobri a voz, sempre zoada por A ou B ou C, inclusive onde esperaria a
acolhida e incentivo, mas tive o desprezo e desdém, sempre
desmotivadoras pessoas, onde nem sequer esperava encontrar. Me arrisquei
a usar esse instrumento numa prova de Harmonia, do lendário Carlo
Pianta. É... e deu certo, creio eu! Ainda há que evoluir muito. Quem
sabe mais e mais metas para o pós formatura...jacaré parado vira bolsa.
A vertente de compositor veio à tona, enriquecida pelos novos
conhecimentos, por novas linguagens musicais. O saber mais, o ter novas
ferramentas de criação, me deixaram um compositor mais prolífico no
trabalhar a palavra e canção. A prova é o registro de algumas obras, aos
poucos, escrevendo-as na partitura, graças ao editor adequado. Aos
poucos vai...
O escrever ciência pelos óculos da Música, estimulado que fui pela profe Cecília Torres, está no prelo. Vamos enveredar por esse caminho, há o que contar e que cantar. As aulas dos professores Ayres Potthoff e Paulo Dorfman, recheadas de histórias e História, me sinalizam algo nesse sentido. A História da Música, em especial da música urbana de Porto Alegre, é um prato farto e cheio...
Ter colegas ajudou muito. Gente cujos nomes via em encartes de CDs, ali, ao meu lado, na sala de aula...baita incentivo, grandes incentivadores, na humildade das pessoas grandiosas de verdade, que se tornam incentivadores únicos e únicas... gracias, pessoal!
O escrever ciência pelos óculos da Música, estimulado que fui pela profe Cecília Torres, está no prelo. Vamos enveredar por esse caminho, há o que contar e que cantar. As aulas dos professores Ayres Potthoff e Paulo Dorfman, recheadas de histórias e História, me sinalizam algo nesse sentido. A História da Música, em especial da música urbana de Porto Alegre, é um prato farto e cheio...
Ter colegas ajudou muito. Gente cujos nomes via em encartes de CDs, ali, ao meu lado, na sala de aula...baita incentivo, grandes incentivadores, na humildade das pessoas grandiosas de verdade, que se tornam incentivadores únicos e únicas... gracias, pessoal!
Agora, fica o in
centivo
daquelas três que sempre vieram com o estímulo positivo, Ka, So e Cla.
Agora, o rito acadêmico. A certeza de que o sonho podia estar dormindo,
mas nunca envelhecendo.
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